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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Para além do divisionismo regional, o reconhecimento das divisões em classes

Nas últimas semanas, vi muitas pessoas de bom nível escolar sustentando um discurso moralista do bem contra o mal, dos retos contra os corruptos, dos apaziguadores contra os irresponsáveis incendiários que incitam o ódio de classes.

Neste domingo, com o término da eleição, vi, com certo espanto e curiosidade, essas mesmas pessoas destilarem seu ódio contra os nordestinos e todos aqueles que votaram na candidata petista. Vi afirmações discriminatórias contra os nordestinos, contra os pobres, e, também, pregações pela separação do Sul-Sudeste do Nordeste. Em suma, vi o “bom mocismo” ruir.

Essas pessoas que falam em divisão do país esquecem-se de algo básico: o país está dividido desde seu nascimento, pois a colonização portuguesa deita raízes na exploração/escravidão de indígenas e, sobretudo, da população de origem africana. Não foi o PT que inventou a luta de classes. De fato, ela não é uma invenção e nem o resultado da incitação ao ódio pelos insanos petistas/comunistas. A luta de classes é um aspecto estrutural das sociedades cindidas entre proprietários (dos meios de produção) e não-proprietários. Este é um conhecimento elementar da realidade social, e não apenas entre os cientistas sociais.

Para aqueles que querem um país realmente mais justo, fraterno e unido, trata-se, no imediato, de enfrentar as consequências divisionistas (reais ou ilusórias) impulsionadas pela distribuição dos votos, manifestas nos dilemas petismo e anti-petismo, nortistas e sulistas. Isto, porém, não basta. Os setores/movimentos/partidos de esquerda precisam compreender melhor o país e sua dinâmica política para construir a “unidade possível” – isto é, nucleada pelo proletariado, uma unidade entre as classes subalternas e frações da pequena burguesia/classe média. Unidade para a luta. Unidade para o enfrentamento desses e de nossos problemas estruturais.



Nesse sentido, é fundamental saber que há muitos e muitos desses agentes da transformação – ou seja, de membros das classes subalternas – que votaram em Aécio, Alckmin, Richa etc. e, por conseguinte, estão sob a influência política e ideológica da direita. Portanto, superando o prisma fundamentalmente eleitoreiro e político, urge a necessidade de tratarmos e analisarmos a estruturação das classes, suas articulações socioeconômicas e, assim, suas manifestações e composições políticas para qualificar a intervenção e contribuir com o avanço da consciência de classe.

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